Traiçoeiros, ingratos e desleais, são assim que muitas vezes os gatos são conotados por quem não os entende. Por morder a mão que lhe dá festas ou que brinca é que o gato ganhou esta má reputação. Mas até que ponto é que estes comportamentos são imprevistos e injustos?
Os gatos são animais directos, que sabem do que gostam e do que não gostam, pouco influenciáveis e com uma tolerância mínima a abusos. São contudo animais comunicativos e se o dono os souber interpretar, o risco de ser mordido é pequeno.
Morder enquanto é acariciado
Quando os gatos mordem a mão que o está a cariciar significa que não querem mais carícias. Se considera isto uma forma de ingratidão, lembre-se de quando era pequeno e recebia com alguma irreverência aquelas festas e abraços intermináveis das tias e amigas da avó. Os gatos são animais independentes e toleram a presença dos humanos, ao ponto de muitos se tornarem verdadeiramente dependentes destes. Mas grande parte dos gatos mantém ainda o espírito livre que os caracteriza e não gostam de carícias intermináveis.
Apesar de alguns gatos preferirem sair do colo do dono e recolherem-se, outros chegam mesmo a morder. Isto contudo, não acontece sem avisos.
Sinais de alerta
Ao contrário do que acontece nos cães, os gatos abanam a cauda como sinal de agressão. O gato pode também voltar as orelhas para baixo e colá-las à cabeça. Outros sinais de alerta são fixar a mão do dono e mostrar-se inquieto.
Morder enquanto brinca
Nos animais, brincar não é nada mais do que ensaiar as técnicas de sobrevivência para um melhor desempenho quando forem necessárias. Essas técnicas passam quase sempre pela caça. Os gatos que têm a oportunidade de brincar com os irmãos, aprendem com eles a moderar a mordedura, pois os irmãos ensinam-lhe que ser mordido dói, gemendo quando são mordidos e mordendo também o gato. Os gatos que são retirados demasiado cedo da companhia dos irmãos e da mão não chegam a aprender esta lição. O dono deve por isso ensinar o gato de que morder dói.
Sinais de alerta
Os sinais que indicam agressão são os mesmos em todas as situações. Antes de atacar, os gatos dão sempre as mesmas pistas e cabe ao dono prestar atenção para evitar ser mordido. Na brincadeira, para além dos sinais já apresentados, o gato pode também virar-se de barriga para o ar, antes de atacar. Tudo isto está relacionado como a forma como os felinos caçam no ambiente natural.
Educar o gato
Os gatos podem e devem ser educados. Por um lado, os donos devem evitar colocar o gato numa situação em que este se sinta encurralado e pense que a agressão é a única resposta, mas por outro, devem também educar o gato a não morder.
A educação do gato não pode passar por castigos. Os gatos associam os castigos a quem os aplica, aos donos, em vez de associarem à acção que estão a cometer. Assim, se castigar o gato só o está a ensinar a fugir rapidamente depois de fazer uma asneira ou a evitar o dono.
Não morder enquanto é acariciado
A tolerância às carícias depende da herança genética e do que foi ensinado ao gato ao longo da vida. Existem raças mais tolerantes às carícias do que outras, mas mesmo dentro da mesma raça existem excepções.
Para conseguir que o gato aceite as carícias durante mais tempo, ofereça-lhe recompensas enquanto este está sentado no seu colo a tolerar ser acariciado. Assim que o gato mostrar sinais de agressão, páre de o acariciar, dando-lhe a possibilidade de ir embora se ele o desejar. Com paciência, o gato acaba por perceber que é mais vantajosos ficar no seu colo do que ir embora.
Não morder enquanto brinca
Para evitar que o gato morda enquanto brinca, nunca faça das suas mãos o objecto da brincadeira, nem mesmo enquanto o gato é pequeno. Utilize sempre objectos próprios para gatos nas brincadeiras. Existem várias opções no mercado.
Crie uma rotina para as brincadeiras. Faça 3 a 5 sessões diárias de brincadeira e ignore o gato quando ele pede para brincar fora desses períodos. Desta forma é o dono quem controla o gato e não o contrário.
Dê ao gato todo o mobiliário e brinquedos de que ele necessita para se sentir bem.
Esteja atento aos sinais que o gato transmite. Apesar de independentes, os gatos não agem sem que para eles haja um motivo. Compreender o gato e as suas necessidades torna a relação com o dono mais próxima e mais saudável.
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